3 de novembro de 2008

ARCANO XVIII - A LUA

Carta relacionada ao passado, ao ilusório, ao oculto, aos sonhos, à magia, projeção astral.
Na cabala, o número dezoito (1+8=9x2) representa as fases da lua, a transcendência do mundo ilusório, o inconsciente. Alguns associam esse arcano com Hécate, a Deusa das feiticeiras, das encruzilhadas e da magia. A bem da verdade, é possível associar tal carta a todas as deusas lunares porque todas elas regem os poderes do inconsciente. Porém Hécate, tal qual o arcano da lua, é uma Deusa difícil, é uma Deusa que, por mais que a estudemos, sempre estaremos longe de compreender toda a sua complexidade, como uma verdade preciosa que foge misteriosamente à formulação exata.


Esse arcano representa o interior, o resgate de si mesmo, vidas passadas, nossas origens, nossa família. É uma carta difícil porque estamos encarando nossa sombra, nossos fantasmas. Nesse sentido, pode também representar os papéis que a pessoa representa ou já representou na vida. Aponta sempre para sensações mais profundas que, muitas vezes, preferimos não enxergar. A Lua adverte para a necessidade de olhar para dentro e descobrir o que nos faz sentir de determinada maneira ou o que nos mantém presos a uma certa situação.

É a carta da iniciação nas trevas, na escuridão, onde nos encontramos com os mistérios e medos. É na escuridão que estão também os nossos inimigos ocultos, ainda que esses sejam aspectos de nós mesmos.

Também é a carta iniciática dos mistérios femininos, da faces da Deusa e toda complexidade que encerra.
Em representações clássicas, encontramos nesse arcano um campo iluminado pela Lua ao mesmo tempo cheia e ao mesmo tempo crescente. Duas torres podem ser vistas em cada lado da carta e, diante dessas, encontram-se um cachorro e um lobo que ladram para a Lua. Entre o cão e o lobo, na água, encontramos um lagostim, que simboliza o signo de câncer, que é regido pela Lua e cujo elemento é a água. Câncer é o signo das emoções.

As torres, segundo alguns autores, simbolizam as armadilhas do caminho iniciático da Lua, advertindo-nos que conhecer os mistérios lunares não deve nos tirar da Terra, pois também somos matéria. Podem também representar, tal qual a Sacerdotisa, as polaridades, a dualidade.

O cão e o lobo simbolizam os guardiões da Terra. Podem representar também reverência aos poderes da Lua, ou ainda um alerta aos que pretendem conhecer o caminho da bruxaria, da magia, posto que é um caminho de luz, mas é também um caminho de trevas. O uivo de um cão denota também a saudade de seu dono, o que pode relacionar este arcano com a saudade, a nostalgia, o pensar no passado.

A Lua é uma carta ambígua que pode simbolizar também o excesso de imaginação, a falta de pés no chão, o engano, a ilusão de Maya.

Verbos: intuir, sentir, perceber.

Personalidade: Personalidade receptiva, com capacidades psíquicas ou que se encontra confusa ou em dificuldades. Algo de misterioso e ou feminino.

Situação: situação difícil que nos põe a prova, que nos obriga a voltar ao passado e resolver assuntos pendentes, encara nossos fantasmas, ouvir mais a intuição que a razão.

Aspectos positivos: premonições, intuição aguçada, imaginação criativa, clarividência, dons psíquicos, conexão com os aspectos da Deusa e os mistérios femininos, inconsciente ativado, sonhos importantes, criatividade.

Aspectos negativos: dificuldades em enxergar a realidade, adversidades, inimigos ocultos, confusão de sentimentos, dependência afetiva em vários níveis, instabilidade em vários níveis, medo.

A Lua pode nos colocar em contato direto com emoções nunca assumidas, forçando-nos a enfrentá-las e assumi-las. Pode indicar período de introspecção, necessidade de adiamento ou desistência de alguma atividade ou projeto.

A Lua tem o poder de esconder ou trazer à tona tudo aquilo que se encontra oculto, não revelado, por isso é uma carta difícil, pois nem sempre queremos trazer à luz alguns aspectos nossos ou enxergar alguns aspectos de outras pessoas.

Previne contra pretensões, esquisitices, superstições exageradas, credulidade, contra dependência em vários níveis, a falsidade, a ilusão, a traição, contra as formulações de duplo sentido.
Questionamentos relevantes que devemos fazer para compreender o efeito desta lâmina em nosso interior:
Estou me enxergando como realmente sou?
Quantas vezes fui quem desejavam que eu fosse?
Eu finjo ser alguém que não sou?
Eu permito que as pessoas me iludam? Por quê?
Eu exercito minha imaginação e criatividade?
Eu sou mais lunar ou mais terreno?
Meus sonhos são possíveis de se realizar ou eu sonho com o inalcançável?
Como é a minha relação com o feminino?
Sou mais emocional ou mais racional?
Eu costumo seguir minha intuição? Por quê?
Como reajo em situações em que era preciso agir baseada na minha intuição?
Como eu trabalho a minha sombra?
Como é a minha relação com o passado?

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